Desde a última segunda-feira, 27 de maio, a Secretaria Municipal de Saúde promove a campanha de vacinação contra a Poliomielite em Sacramento, com encerramento no dia 14 de junho.
A campanha é voltada para crianças com idade entre 1 e 5 anos, e acontece em todas as Unidades de Saúde do município, basta levar o cartão de vacinação e o CPF da criança (ou cartão do SUS).
Você sabia? A poliomielite ou paralisia infantil é uma doença que afeta principalmente crianças com menos de 5 anos de idade, sendo que uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível, geralmente das pernas. Outro número impactante é que, entre os acometidos, de 5% a 10% morrem devido a paralisia dos músculos respiratórios.
Os casos da doença diminuíram mais de 99% ao longo dos últimos anos, graças às campanhas de vacinação.
A expectativa da campanha deste ano é reduzir ainda mais o número de crianças não imunizadas e o risco de reintrodução do poliovírus no Brasil.
Faça a sua parte para proteger as nossas crianças! Vacinas salvam vidas!
Poliomielite: o que é, sintomas, transmissão e tratamento
A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por um enterovírus de alta infectividade,
chamado poliovírus (sorotipo I, II e III), cujo principal reservatório de infecção encontra-se no gastrointestinal dos seres humanos.
Existem dois tipos de pólio: a paralítica e a não paralítica, que pode levar à paralisia total ou parcial dos membros inferiores. Apesar do nome, a doença pode afetar tanto crianças quanto adultos.
Causas
A poliomielite é uma doença causada pela infecção do poliovírus, que se espalha por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral, por alimentos, objetos ou água contaminados ou pelo contato oral-oral, por meio de gotículas de secreções da fala, tosse ou espirro de doentes ou portadores.
Segundo Patrícia Consorte, pediatra e especialista em nutrição materno-infantil, uma vez que o paciente contrai o vírus pela via oral, ele se dissemina pela faringe e intestino de uma a três semanas, sendo então excretado pela saliva e pelas fezes. O vírus pode ser liberado por até outras três semanas, sendo muito contagioso.
O vírus, após se disseminar pela garganta e pelo trato intestinal do paciente, alcança a corrente sanguínea e pode atingir o cérebro. Quando a infecção ataca o sistema nervoso, ela destrói os neurônios motores e provoca paralisia nos membros inferiores. A pólio pode, inclusive, levar o indivíduo à morte se forem infectadas as células nervosas que controlam os músculos respiratórios e de deglutição.
O período de incubação do vírus, ou seja, tempo que leva entre a infecção e surgimento dos primeiros sintomas, varia de cinco a 35 dias, mas a média é de uma a duas semanas. A falta de saneamento básico, higiene pessoal precária e más condições habitacionais são alguns dos principais fatores que contribuem para a transmissão do poliovírus.
Sintomas
Embora a poliomielite possa causar paralisia e até mesmo a morte, a maioria das pessoas infectadas com o poliovírus não fica doente e não manifesta sintomas, de modo que a doença passa muitas vezes despercebida. Segundo Consorte, 95% das infecções são assintomáticas.
Sintomas da poliomielite não paralítica
A maior parte das pessoas que foram infectadas pelo poliovírus apresenta o tipo não paralítico da doença. Caso o vírus chegue à corrente sanguínea, segundo Consorte, os sintomas aparentes são muitos similares aos da gripe e de outras doenças virais leves ou moderadas. Os sinais e sintomas, que costumam durar de um a dez dias, incluem:
· Febre;
· Garganta inflamada; · Dor de cabeça; · Vômitos; · Fadiga; · Dor nas costas ou rigidez muscular; · Dor de garganta;
· Dor ou rigidez nos braços e nas pernas; · Fraqueza muscular ou sensibilidade; · Meningite.
Sintomas da poliomielite paralítica
Em casos raros, a infecção pelo poliovírus leva à poliomielite paralítica, a forma mais grave da doença. Sinais da poliomielite paralítica, como febre e dor de cabeça iniciais, muitas vezes imitam os da poliomielite não paralítica.
De acordo com Patrícia, em uma a cada 120 infecções o vírus pode invadir o sistema nervoso central e gerar danos no corno anterior das raízes da medula espinhal, onde o paciente pode iniciar apresentando rigidez de nuca, semelhante a uma meningite. A partir daí, surgem fortes dores musculares e espasmos, principalmente nos membros inferiores, evoluindo para perda intensa de força.
“A força e os reflexos do membro são perdidos, permanecendo a sensibilidade. Essa é a chamada forma paralítica, na qual pode se perder também o controle da bexiga e do intestino por acometimento das inervações”, explica Consorte. O período entre os primeiros sintomas nos membros e a perda da força é rápido, segundo a especialista, e ocorre em cerca de dois dias.
Tratamento
Não existe tratamento específico para a poliomielite, de modo que as ações possíveis para atuar num quadro da doença são diminuir a sensação de desconforto, acelerar a recuperação e garantir a qualidade de vida do paciente através de:
Uso de analgésicos para aliviar a dor;
Ventiladores portáteis para auxiliar na respiração;
Exercício moderado (fisioterapia) para evitar deformações e perda da função muscular, em caso de poliomielite paralítica;
Dieta nutritiva.
O tratamento deve ser iniciado o quanto antes para evitar complicações, mesmo porque, se uma pessoa infectada com o vírus não for atendida ao primeiro sinal da doença, ela estará sob risco aumentado de morte. Cuidados caseiros e acompanhados pelo médico podem ajudar na recuperação do paciente com pólio.
Prevenção
A vacinação é a única forma de prevenir a poliomielite. As campanhas nacionais de vacinação ocorrem anualmente e todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser imunizadas. O esquema vacinal contra a poliomielite é de três doses da vacina injetável. VIP, aos 2, 4 e 6 meses, e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, a VOP (em gotinha).
Sequelas da poliomielite
As sequelas da poliomielite não têm cura e estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo vírus causador da doença. As principais sequelas são:
Problemas e dores nas articulações;
Pé torto, ou pé de aquilo, em que a pessoa não consegue encostar o calcanhar no chão;
Osteoporose;
Atrofia muscular;
Hipersensibilidade ao toque;
Paralisia em uma das pernas;
Crescimento diferente nas pernas;
Dificuldade de fala.
FONTE E FOTOS: PMS – Patricia Consorte, pediatra e especialista em nutrição materno-infantil